quinta-feira, 7 de julho de 2011

Relatos da madrugada

Cheguei em casa. Todos dormem.
Conforme havia prometido, fui até a sua cama e disse "mamãe chegou", como faço todas as vezes que prometo, não importa qual seja a hora. 
Hoje também disse "amo você". 
E você, de olhos fechados respondeu "amo você também", com a voz grossa, destoando do rosto alvo, pequeno e salpicado de sardas. Daí, o chamamento carinhoso: "meu sorvete de flocos."

E eu amo, mais do que tudo na vida e no mundo. 

Por mais que isso te pareça, muitos anos depois, um clichê antigo e bolorento. Assim como te chamei hoje, mais cedo "meu amor bolorento", tentando dizer que era para mim, um amor mais antigo que a minha própria existência. Mas você não entendeu...
Em sua recente e tecnológica existência, entendeu "bolorento" apenas em seu sentido literal e pejorativo...não conseguiu entender a profundidade da brincadeira. 
Mas brinquei com isso, assim como costumo brincar com todas as nossas circunstâncias.

E enquanto escrevo, a rua continua barulhenta e ansiosa (moramos no centro), com suas batidas, freadas e ônibus.

Hoje é uma noite tranquila.
É o primeiro dia do início das férias do quarto ano de um sistema prisional semi-aberto, por cumprimento de pena, por espontânea escolha, no setor de Engenharia.

Vamos nos divertir muito!