quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

A Fúria

 O lustre que não foi limpo. O vestido novo que não cobriu memórias velhas. A surdez e as repetições sufocantes. A infiltração que não cessa, nunca. As janelas que precisam ser fechadas, sempre. O vento que não pode ventar. A chuva que não pode chegar. A hora que não pode passar. O fanatismo lancinante, as lacunas de memória, o vazio, a vertigem, a tontura, a mania, o controle, a doença, a ameaça constante, o horário, a exigência, a vigia, a vigília, a exigência, o medo, a critica, a negação, a insônia, o drama, a vítima, o descaso, o fracasso, a lista de compras, o prazo.

O ápice.

Da loucura. Da demência. Do desespero. Da necessidade de fuga.

A fuga literária. O Mito da Caverna (há luz?). A pirâmide de Maslow (que degrau?). Os universos paralelos. O abstrato e o concreto.

A velocidade. 

A hora que passa. O dia que amanhece. A noite que anoitece. E tudo, de novo. Sem parar, sem cessar, sem frear, sem calar, sem lembrar, sem sanar.

O nó.

Na garganta, no trânsito, no estômago, na gravata, na artéria, no fio que não se encontra.

A vontade.

De que silencie, de que seja leve, de que adormeça, de que seja lento, de que seja terno.

O corpo.

Que avisa, que insiste, que grita, implora, se arrasta 

e desiste.


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